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Um Homem Muito Sombrio

  • Jefferson Silva - E-mail: jefferson5684@gmail.com
  • 1 de set. de 2022
  • 2 min de leitura

A possibilidade de ter algum tipo de contato, mesmo que imagético e cognitivo, com culturas distantes, é algo importante de explorar com certa frequência. O cinema é um vasto campo de possibilidades que te coloca de frente com o desconforto proporcionado pelo desconhecido. Outra língua, outras religiões, outro continente, outro país, outra cultura, tudo isso faz parte do arcabouço estratosférico que a sétima arte coloca à nossa disposição. Para além da forma caricata de se fazer cinema, hoje vim dar mais uma dica que extrapola, pelo menos ao meu ver, os condicionamentos da indústria de Hollywood.

O ano é 2019 e o cinema do Cazaquistão apresentava ao mundo “A Dark Dark Man”, filme dirigido por Adilkhan Yerzhanov que recentemente chegou ao Brasil em formato de minissérie dividida em três episódios. Traduzido como “Um Homem Muito Sombrio”, o filme conta a história de Bakzat (interpretado pelo ótimo ator Daniar Alshinov), que é um investigador da polícia local impregnada por corrupção em todas as suas camadas. Bakzat fica encarregado de encobrir mais um caso de abuso sexual e assassinato de menores, aparentemente bastante recorrentes naquela minúscula cidade. O crime é imputado a Pukuar (interpretado por Teoman Khos), homem com problemas mentais que o faz assumir uma personalidade infantil durante a vida, consequentemente conseguindo absorver a realidade e aprender com muita facilidade tudo aquilo que o rodeia. A função de Bakzat é produzir um relatório incriminando Pukuar e, posteriormente, executá-lo como pena de um crime que o pobre homem nunca cometeu. Pukuar seria apenas mais uma peça dentro daquela engrenagem cazaquie corrupta e corruptora. No decorrer do enredo, Bakzat passa a ser acompanhado pela jornalista Ariana (destaque extremamente necessário para a maravilhosa e irretocável atriz Dinara Baktybaeva) , que revitaliza no jovem policial as noções de justiça e as possibilidades de salvar a sua comunidade dos profundos problemas estruturais que ela estava condenada desde o instante que sucumbiu à podridão.

“Um Homem Muito Sombrio” é uma produção bastante honesta e feita nitidamente com pouquíssimos recursos, afinal, este não é e nem poderia ser um cinema a serviço da ideologia dominante e impregnado pelo norte do mercado. Com um desenrolar de enredo em cadência lenta, o investimento aqui é na qualidade que transborda a superficialidade. Filmagens lindíssimas em plano aberto, que valorizam a estética tensa que nos afeta através do enquadramento das câmeras, da trilha sonora e de uma fotografia essencialmente desconcertante.

“Um Homem Muito Sombrio” está disponível no Belas Artes À La Carte, aproveitem.



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