top of page

O homem não destrói a natureza, o capitalismo sim.

  • Foto do escritor: lucas nunes
    lucas nunes
  • 15 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura



O debate acerca das mudanças climáticas e os caminhos necessários para frear o seu avanço são bastante comuns em jornais, redes sociais e demais plataformas de mídia e comunicação. Entretanto, geralmente são discursos sem grande profundidade sobre o tema, como afirmar que precisamos de uma mudança urgente, mas sem dizer realmente o que precisa ser feito, ou quando há o debate sobre a solução, são apresentadas medidas paliativas, ou simplesmente focando a problemática no indivíduo, como se de alguma maneira, o (a) cidadão (ã) que lava a calçada com mangueira, invés de um balde d’água, não separa o lixo em sua residência ou a criança que escova os dentes de torneira aberta fossem o grande problema que está esgotando nossos recursos naturais como água, ou, locomover-se usando carros, motos, transportes individuais no geral fosse o real problema do acúmulo de gases do efeito estufa, como o metano (CH4) e o gás carbônico (CO3) na atmosfera. Por que discutir essas pautas são importantes? Para resolver um problema emergente, que se configura como “o desafio do nosso século” não dá para se ter um discurso raso e soluções simplistas e milagrosas. É preciso ir até à raiz do problema.

Apenas nos últimos 200 anos as emissões de gás carbônico na atmosfera aumentaram em 40% acabando com uma estabilidade mantida por 800 mil anos, baseado em dados paleoclimáticos. Algo interessante estava acontecendo na história da humanidade, dois séculos atrás: a revolução industrial e a ascensão do capitalismo. Não, não são eventos isolados, ao contrário estão intimamente relacionados. Foi justamente durante esse período que as produções em larga escala ganharam seu auge, e continuam até hoje, além, é claro, da descoberta do plástico, que é assunto para outro momento. Todavia, o modus operandi do capitalismo continua o mesmo: produções em larga escala que não são acessíveis a toda a população, ficando concentradas nas mãos de uma pequena parcela de pessoas, e como consequência: o acúmulo de lixo. Soma-se a isso o conceito de obsolescência programada. Já reparou que seus eletrodomésticos, geladeira, televisão, não duram mais como duravam na época dos seus pais ou avós? Eles parecem ter menos resistência, quebrar com facilidade, isso sem falar nos smartphones… ao passo que alguns fogões fabricados em 1960, a depender das circunstâncias podem, hoje em dia, funcionar plenamente. Isso acontece porque o sistema precisa estar em constante movimento e funcionamento, como uma engrenagem viva, que não para de rodar. Para isso, é preciso que haja um fornecimento constante de consumidores. Ora, se compro uma geladeira hoje, e só torno a comprar outra daqui a há 30 anos, a indústria dos eletrodomésticos parece estar em desvantagem competitiva com outros setores industriais. Por isso, precisam que seus produtos não durem tanto, para que você, consumidor, esteja sempre adquirindo novos produtos.

Isso nos leva a algumas reflexões: se eu consumo mais, descarto mais. Se descarto mais, mais lixo está sendo gerado e acumulado. Se consumo mais, a indústria precisa fabricar cada vez mais. Para fabricar mais, é preciso mais matéria-prima que será arrancada do meio ambiente através da mineração, do desmatamento, da criação de gado no setor alimentício e na indústria da carne, etc. Vê onde estamos chegando? Para se produzir 1 kg de carne bovina, são necessários 15,5 mil litros de água. Sem falar de toda área de floresta nativa que precisa ser desmatada no processo, que lançará bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, e sabe quem poderia retirá-lo de lá? Justamente as árvores que foram derrubadas. Diante desses fatos, é notável que a culpa das mudanças climáticas não é apenas do cidadão comum que esquece a torneira ligada, ou aquele que vai de carro à padaria. Mas, principalmente do setor industrial, que pertence a um sistema de lógica capitalista. Esse sistema é predatório e demanda a destruição da matéria-prima que advém da natureza. E os verdadeiros donos dos meios de produção não se interessam pelo debate das mudanças climáticas, na realidade, muitos até mesmo negam que elas existam, e quando admitem que é uma ameaça real, incentivam propagandas como “tome banho em menos tempo” para fugir do cerne da questão, pois, tudo pelo qual se interessam é apenas o lucro. Soluções individuais, não geram o impacto que deveriam, pois os indivíduos ainda estão dentro de um sistema de lógica predatória. O documentário “esqueça os banhos mais curtos” (Forget Shorter Showers).Nos traz um dado para ilustrar essa ideia: se toda a população norte-americana adquirisse hábitos mais sustentáveis o impacto na produção de gases que geram o aquecimento global seria de 22%. Para evitar o colapso climático seriam necessários 75%. Não chega nem à metade. Então quem é que precisa de verdade mudar seus hábitos?

Portanto, torna-se fundamental a superação desse sistema, para que possamos vislumbrar um futuro possível. Que as grandes indústrias, grandes corporações e as pessoas com real poder (bilionários) sejam também superados, e que estes sim, tornem-se obsoletos.


 
 
 

Comments


Contate-nos 

Obrigado pelo envio!

Mantenha-se atualizado

Obrigado pelo envio!     Poíesis em Devir

  • Ícone do SoundCloud Branco
  • Ícone do Facebook Branco
  • Ícone do Twitter Branco
  • Ícone do Instagram Branco
  • Ícone do Youtube Branco
© 2021por POÍESIS EM DEVIR. Orgulhosamente criado com Wix.com
bottom of page