Freud & Freddy
- maiconrealgalatico
- 16 de mai. de 2022
- 3 min de leitura

Definitivamente a saga de A Hora do Pesadelo, internacionalmente conhecida como “A Nightmare on Elm Street” é uma das maiores sagas de filmes de terror dos anos 80 e 90. Com grande sucesso até mesmo no Brasil, o filme apresenta a história da cidade de Springwood – Ohio, onde um assassino de crianças é morto queimado por pais revoltados, é então que o assassino Freddy volta nos sonhos dos filhos e dos filhos dos filhos destes que o mataram buscando vingança e assassinando os jovens através do sonho, fazendo com que haja uma mistura de vida onírica e de vigília.
Para tanto, quando falamos de sonhos e as suas distintas interpretações, logo nos remetemos a Sigmund Freud, um dos maiores psicanalistas da humanidade e autor da obra “A Interpretação dos Sonhos”(1900), sua obra máxima. É não só importante a leitura dessa obra, como também seu estudo aprofundado e sistemático, assim como todo clássico que se prese. Não obstante, o paralelo que disponho a fazer entre a saga de A Hora do Pesadelo e, especificamente, o capítulo VII (A psicologia dos processos oníricos) são paralelos que dizem respeito ao poder que os acontecimentos externos têm sobre a vida onírica, ou seja, o sonho. Como mencionado acima, a saga de filmes de terror tem por pressuposto demonstrar a capacidade que o vilão (Freddy) tem em matar as pessoas assim que elas dormem, incidindo em uma morte na realidade; sendo assim, podemos entender que aquilo que compreendemos por vida de vigília (quando estamos acordados) e os sonhos se misturam e se relacionam, não sendo mais possível saber o que é realidade e o que é mundo dos sonhos.
Mas vocês devem estar se perguntando, “o que a saga tem a ver com Sigmund Freud e sua obra?”. Logo no começo do capítulo VII, Freud tomou conhecimento de um experiencia onírica explanada em uma conferência por uma de suas pacientes que lhe contou sobre o sonho de um Pai que teve seu filho falecido e que o velava em um leito com uma vela perto de seu corpo; tal Pai passava dias acordado à cabeceira do leito de seu filho e, assim que o menino faleceu, ele resolveu descansar. O relato mais assustador foi que: “Após algumas horas de sono, o pai sonhou que seu filho estava de pé junto a sua cama, que o tomou pelo braço e lhe sussurrou em tom de censura: ‘Pai, não vês que estou queimando?” (FREUD, 2018, p. 461). Freud analisa esse sonho da seguinte forma: “Ele acordou, notou um clarão intenso no quarto contíguo, correu até lá e constatou que o velho vigia caíra no sono e a mortalha e um dos braços do cadáver de seu amado filho tinham sido queimados por uma vela acesa que tombara sobre eles” (Ibidem).
Esta relação entre o sonho do Pai e os sonhos do filme nos permite concluir que, ao dormir, acontecimentos externos da realidade podem interferir diretamente em nossos sonhos, pois, apenas um fecho de luz pôde inconscientemente remeter ao pai que o filho estava em chamas e que lhe pedia por socorro tal fenômeno e força tem um sonho; um barulho, uma música, uma voz ou até mesmo a luz do dia, pode inferir diretamente em seu sonho; assim também como uma experiencia de sonho interno pode levar a um ocorrido na realidade sem nos apercebemos e é justamente essa relação entre a realidade e a vida onírica do filme com um trecho da obra que me fez refletir e, assim, poder indicar à vocês tanto o filme quanto a obra integral. A ideia que o filme passa de que os sonhos tem influência e são, ao mesmo tempo, influenciados pelo mundo externo, tem relação direta com a teoria freudiana, e esse trecho não deixa mentir. Talvez não com tanta exatidão e complexidade que sua teoria, mas com certeza uma semelhança horripilante e macabra.
Referências:
FREUD, Sigmund. A interpretação dos Sonhos. A psicologia dos processos oníricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. Cap, VII.
A HORA DO PESADELO. Direção: Wes Craven. Produção de New Line Cinema. Estados Unidos, 1984-1991. 1 DVD.
Email: maicon_realgalaticos@hotmail.com
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