Existência em Sartre
- José Odincs
- 12 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

Inserido na corrente filosófica existencialista, o filósofo Francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), é sem dúvida um dos maiores nomes dentro desta tradição. O existencialismo tem como foco filosófico questões sobre a existência humana e a condição do existente em suas mais variadas possibilidades de estar no mundo. E se nossas escolhas são em grande medida o que nos possibilita determinar este estar no mundo, Sartre nos traz o tema da liberdade de forma tal que nos possibilita a compreensão de como nossas ações estão intimamente ligadas à nossa forma de ser no mundo.
Sartre fez duras críticas à tradição filosófica que instituiu um dualismo no qual o indivíduo é pensando não a partir de sua existência, mas antes, de uma essência que determina sua forma de ser no mundo. A existência para ele é destituída de qualquer enquadramento substancial. Sartre pensa o existente na sua forma mais própria de ser que é justamente o existir. O indivíduo então é um ser puramente existencial, porque não existe nada que preceda sua existência, como também não possui uma finalidade em seu existir, sendo o existente livre e único responsável por suas ações.
A liberdade neste pensamento é de fundamental importância, já que Sartre tem nesta problemática um dos centros do seu pensamento. Se para ele o indivíduo é condenado a ser livre, o que implica dizer que o existente é um ser de escolhas e não pode fugir a esta condição; o fato de se posicionar ou não diante de algo é o movimento próprio do existente, o que indica ser a liberdade uma condição fática. A liberdade perfaz a forma de ser da existência humana, o que não implica que algo determina o existente, mas apenas indica a condição deste no mundo.
O indivíduo nesta perspectiva é o único responsável por todas as decisões em sua vida, sendo assim, a existência desta forma adquire um caráter criativo e engajado. Criativo já que todo ato é único, sem que as ações sejam determinadas por tensões do passado e nem possuindo um télos (τέλος), importando apenas o presente. E engajado já que a liberdade, como também, as decisões assumidas, implicam no comprometimento com seus resultados, não sendo possível ao existente se furtar dos resultados deste processo.
Como vemos, mesmo que de forma breve, a existência para Sartre é o comprometimento máximo com a vida e todos os aspectos que lhe permeiam. O indivíduo é o único responsável por sua existência, o que indica ao nosso ver a necessidade do engajamento proposto no pensamento sartreano. Se para Sartre somos fruto das nossas escolhas, decidimos ser assim e não podemos nos furtar disso, o que temos com o filósofo francês é uma visão da realidade nua e crua, sem espaços para subterfúgios, mas que nos põe a refletir sobre nossas escolhas a todo momento. Por fim, deixo aqui a indicação do livro O existencialismo é um humanismo (1946), livro este fruto de conferência dada por Sartre em Paris, em outubro de 1945, e que mesmo sendo um texto breve, nele o autor consegue nos esclarecer muito do seu pensamento.
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