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Divagações acerca da vida e do desencantamento educacional e social

  • Foto do escritor: José Odincs
    José Odincs
  • 27 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura


 

Quando criança e mesmo durante o período de juventude nunca fui um bom aluno, não via muito sentido nos estudos, muito disso por imaturidade e porque não tinha grandes preocupações ou necessidades na vida cotidiana. Como diria Nietzsche "tempos de paz geram homens enfraquecidos". Mas com o avançar da idade chegam também as responsabilidades, os questionamentos sobre a vida presente e o temor pelos dias por vir, sendo imposta ali uma reflexão visceral que aflige a todos em algum momento da vida. E sendo a existência um campo experiencial por excelência, todo caminhar indica uma possibilidade a ser experimentada, sendo nas bifurcações dos caminhos o momento que precisamos tomar consciência de si e da realidade fluida que estamos inseridos, para que todo ato, seja um ato de vontade e, sobre qual, o caminho seja tomado como desafio oportuno. Mas o porquê desta introdução? A resposta é que pretendo comentar sobre o desencantamento com a educação, sendo tal desencantamento fruto de um processo de apequenamento das possibilidades de existência, uma forma não autêntica de vida gerada por demandas puramente arbitrárias ao indivíduo. O que quero dizer com isso é que hoje quando encontramos no seio da sociedade um desencantamento com a educação, este não apenas aponta para uma crise educacional, mas antes, de um reflexo do apequenamento que os indivíduos estão sendo submetidos, onde a vida não é mais compreendida na perspectiva total, existencial, mas apenas no âmbito da subsistência, onde o que importa é mais ter uma renda qualquer que possibilite suprir as necessidades básicas, do que mesmo, ter a pretensão de crescimento pessoal, fortalecimento de estruturas cognitivas que possibilitem o indivíduo se compreender para além da relação sujeito-objeto, relação esta que tornou o próprio ser humano objeto de uma lógica econômica e pela qual se alienou de si completamente. Não estou aqui com isso desvalorizando o trabalho ou mesmo os que por algum motivo não se destinaram a uma formação educacional formal, pelo contrário, o que quero é alertar que existe uma lógica que coisifica o existente de tal forma que em todos estes âmbitos da vida ele se defronta com a inautenticidade. E vão logo desculpando o parágrafo gigantesco, o que menos me importa é condicionantes ortográficos hahahahah. Mas, voltando ao assunto, temos todo um sistema que baseia-se na restrição, o trabalho que deveria ser dignificante para o indivíduo, torna-se a origem de seu constrangimento. A educação que seria a possibilitadora de uma autonomia intelectual, sendo a maior ferramenta de esclarecimento de um sujeito, ser ela transformada em uma técnica condicionante para enquadrar as pessoas numa forma de vida diminuída, a serviço de uma lógica financeira, ocasionando com isso o desencantamento com a educação que temos visto atualmente. Digo isso porque muitas vezes como no início da vida, que não tinha encantamento pelo ato de estudar, hoje, após formado no ensino superior e sendo atualmente um educador, ainda me pego precisando a todo momento reafirmar a importância da educação para a existência, para não ser absorvido por este desencantamento que tanto se verifica em nossa sociedade. Pois é preciso refletir severamente sobre nossa vida, sobre nossas escolhas, e principalmente, sobre os destinos que precisamos trilhar para manter sempre em vista, uma forma de vida afirmativa, baseada no que nos faz grandes, e não na defesa de um sistema político financeiro que a todo instante manipula e ao qual muitos buscam defender, justamente porque foram reduzidos a sujeitos da reprodutibilidade técnica e reduzidos a coisas por esta própria lógica. Por fim, deixo aqui a visão que precisamos nos pôr a refletir sobre os caminhos trilhados e os por trilhar, mas não no sentido a qual tratei no texto, de se pensar dentro de um sistema restritivo e apequenador, pelo contrário, pensemos para além destas estruturas, voltemos a si para identificar o que nos é vibrante, o que nos faz vigorosos, o que nos impulsiona a continuar trilhando por caminhos diversos, sem que este trilhar seja um fardo. A vida nada nos tira e tudo nos oferece, mas exige principalmente coragem, então busquemos ser corajosos, perceber nos instantes toda a sutileza e beleza do existir e, acima de tudo, foco no amor, ele é a maior das forças de encantamento, viva todas as formas de amor e se encante pela jornada.


Texto: José da Mata

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