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Cuidado com o Senhor Baker

  • jefferson5684
  • 30 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura


Tenho um problema enorme com a elevação de seres humanos ao patamar ídolos, prefiro endeusar iconoclastas. Eu sei que é hipocrisia, mas o único compromisso que tenho é com canalhice de continuar sendo um hipócrita. Canalha, hipócrita, deus, ídolo, este foi Ginger Baker, talvez o maior que já tenha empunhado duas baquetas nas mãos e ditado a cadência de uma existência gigante.


Vou logo adiantando que sempre tive outras preferências, a existência agressiva de Baker me incomoda, principalmente porque mostra alguém que se pretendeu a estar no controle, mas nunca controlou nada para além das suas próprias baquetas e sua bateria. Ginger foi parido para o mundo da música dentro do jazz, e isso vale muito. Um jazzman não pode ser construído ou montado de acordo com leis universais pré estabelecidas por padrões estéticos impostos por uma elite. O jazz só existe porque é marginal. A marginalidade estética é a apropriação das ferramentas da elite artística e econômica para a subversão às massas que se compreendem como franjas de um mundo que elas construíram com suas próprias mãos. Ginger Baker sabia que a sua arte era a apoteose daqueles que tinha pouco, mas que em pouco tempo poderiam subverter este pouco em absolutamente tudo o que quisessem. Bandas, projetos e canções que poderiam duras 3 anos, 3 semanas ou três minutos, mas eram eternos nestes curtos espaços de tempo.


O filme se inicia com Ginger Baker metendo a porrada no diretor do seu próprio documentário com uma bengala. Isso era ele, mais do que qualquer solo de bateria, mandando tudo pra puta que pariu. Um Homem completamente enfurecido tentando mostrar que mesmo no final, ele continuava no controle. Do seu início no jazz até seus vários momentos de pura obsolescência programada, ou até mesmo sua virada total na vida indo morar na Nigéria, onde conhece o presidente negro, Fela Kuti. Tudo isso é contado de uma forma maravilhosa e muito divertida no documentário, "Beware of Mr. Baker", que conta com depoimentos de várias lendas do rock e jazz que fizeram parte da vida de Ginger. Desmistificar a lenda por trás da bateria da icônica banda Cream foi algo que o diretor Jay Bulger fez de forma primorosa, sem grandes apoteoses orçamentárias, mas de maneira bem simples e verdadeira. Descrever com imagens e palavras um homem que teve tudo e pouco tempo depois perdeu tudo tantas vezes, sem ser tendencioso é com certeza algo digno de elogios.


Enfim, o documentário "Beware of Mr. Baker", é uma ótima pedida para diversão e esclarecimento acerca dessa lenda da música universal. O documentário está disponível com legendas em português no YouTube.


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