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Border

  • Jefferson Silva - E-mail: jefferson5684@gmail.com
  • 20 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

Acabamos de assistir ao aterrador filme sueco Border, de 2018. O enredo, a priori, nos entrega algo minimamente desinteressante, mas apenas para aqueles que se atiram à leituras ordinárias de sinopses rasas e rasteiras. O epicentro é Tina, uma policial que trabalha no porto de sua cidade fiscalizando bagagens e passageiros suspeitos. O ponto é: Tina é uma mulher que se diz capaz de farejar sentimentos e sensações. Raiva, medo, amor, tristeza… tudo é sensível à Tina. Esta é a palavra-chave: sensibilidade. Border é um filme das sensações. É justamente naquilo que se sente que é possível absorver qualquer sentido, seja este sentido possível ou impossível. Aqui, Eva Melander (Tina) e Eero Milonoff (Vore) se fazem presentes. Senhoras e senhores, que atuações magnificas, dás expressões corporais às expressões faciais, nada pode ser descartado, tudo é parte de um quebra-cabeça que te faz entender o verdadeiro debate do filme: as questões aparentemente antagônicas acerca de bem e mal.

Atingida por um raio em determinado momento de sua infância, Tina passa a desenvolver suas capacidades para além da compreensão humana, o que dispõe a ela as habilidades para sua futura profissão na polícia. Certo dia ela se depara com Vore, seu semelhante, até então algo que ela acreditava não existir. Vore apresenta à Tina um arcabouço de explicações sobre ela, o mundo, as pessoas e propósitos existenciais que antes ela não conseguia enxergar. Tina e Vore são Trolls, isso mesmo, criaturas mitológicas do folclore escandinavo com fortes características antropomórficas. Os trolls são seres ambíguos, que podem se apresentar tanto como gigantes, quanto pequenas criaturas. O ponto de ligação é a estética horrenda que gira em torno do animalesco, com um pé fora e outro dentro do nosso mundo. É a partir do entendimento, da compreensão e imersão da construção da identidade de Tina que podemos questionar os limites da racionalidade e perversão humanas. No final, os monstros têm carne, osso, sentimentos e fedem a podridão dos justos, amáveis e condescendentes.

Border é uma obra inesquecível do diretor Ali Abbasi, que pariu para o mundo um filme que beira o indescritível, não por falta de característica para descrevê-lo (coisa que acabei de fazer de forma bastante superficial), mas por limitações da própria linguagem. Talvez em sueco seja mais fácil, vai saber… Enfim, assista Border, só não garanto que você sairá ileso desta experiência bastante desconfortável.


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