Ataque dos Cães
- Autor: Jefferson Silva - E-mail: jefferson5684@gmail.com
- 30 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Ainda estão aceitando indicações para a decadente lista anual de “melhores filmes de ano”? Hoje gostaria de entregar o currículo de um que assisti no final do ano passado e que se apresenta como forte candidato, e já vencedor dos famigerados prêmios egocêntricos da academia cinematográfica europeia e principalmente americana. Neste caso, a coisa é bem interessante, a diretora neozelandesa Jane Campion, que dirigiu trabalhos como O Piano (1993) e Retrato de uma Mulher (1996), conseguiu entregar um drama norteado por tonalidades de faroeste com um herói gay (sim, a orientação sexual do personagem é tão importante que deve ser citada), interpretado pelo irretocável Kodi Smith-McPhee. O Filme se inicia e se prolonga de forma lenta, ruminante… Com um desfecho surpreendente, o enredo se desata provocando a interpretação do telespectador. É aquele filme que vai exigir um pouco mais de você, mas vai valer a pena. É sempre importante destacar que Campion é a segunda entre apenas cinco mulheres a serem indicadas ao Oscar por melhor direção, já tendo vencido a Palma de Ouro do ano passado, neste ela concorre ao Oscar com o filme aqui discutido, Ataque dos Cães, que também foi responsável por sua glória em Cannes.
Com Benedict Cumberbatch interpretando divinamente o bastante expressivo Phil Burbank que é a personificação do típico e bastante conhecido por cada um de nós: macho tóxico e reprimido de todas as épocas. O título do longa se apresenta de maneira curiosa no decorrer do enredo, com uma tradução bizarra para o português, o nome correto e mais apropriado seria “Ataque do Cão”, e você descobrirá porquê.
Sabe o que é mais interessante aqui? Eu definitivamente não sei se gostei do filme. Pode parecer estranho, mas o meu ponto está exatamente no desconforto que o filme me causou, afinal, ele foi construído pesadamente para alcançar a glória máxima e, para mim, completamente descartável de vencer o Oscar. É aquele tipo de gravação que não está disposta a nós para uma segunda reprodução, ela floresce e morre na primeira vez que assistimos. Enfim, “Ataque dos Cães” não é um filme que ficará marcado para a eternidade, mas é o suficiente para os urubus da crítica especializada se empanturrarem. Aaaaah, esqueça o final deste texto, principalmente se ele te desanimou, assista ao filme e formule suas próprias conclusões, afinal, ele vale mais a pena do que a procrastinação de mais um dia medíocre nessa sua vida cada vez mais obsoleta.

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